sexta-feira, 2 de junho de 2017

O atobá-marrom como bioindicador

Materiais encontrados nos ninhos da ave marinha podem ajudar a monitorar o nível de poluição dos oceanos.

Os atobás-marrons coletam lixo para construir seus ninhos. (foto: Davi C. Tavares)
Monitorar a quantidade e os tipos de lixo no mar é uma tarefa que consome tempo e demanda elevados investimentos. Porém, um recente estudo realizado com os atobás-marrons (Sula leucogaster) no Arquipélago do Santana, em Macaé, e na Ilha dos Franceses, em Arraial do Cabo, sugere que a espécie pode ser indicadora dos níveis de poluição em diferentes regiões dos oceanos.
Os atobás-marrons são aves marinhas que habitam áreas tropicais ao redor do planeta. Esses organismos coletam lixo que flutua em áreas próximas das ilhas de nidificação, o que torna possível utilizar os ninhos para monitorar a quantidade de poluentes nos oceanos. O referido estudo demonstrou que 61% dos 203 ninhos analisados contêm resíduos poluentes.




Diversidade de fragmentos de lixo coletados em um único ninho de atobá-marrom no arquipélago do Santana, em Macaé, estado do Rio de Janeiro. (foto: Davi C. Tavares)
 
A metodologia para investigar se a incidência de lixo nos ninhos reflete a abundância desse poluente no mar é simples: os fragmentos deixados pelas ondas nas praias durante a maré baixa são utilizados para estimar a quantidade de lixo em águas costeiras. Os resultados indicam que os atobás-marrons marrons utilizam em seus ninhos plásticos, artefatos de pescas e outros itens na mesma proporção em que esses materiais estão disponíveis no mar. Portanto, os ninhos de atobás-marrons podem servir como uma alternativa relativamente fácil, rápida e barata para monitorar os níveis de poluição do mar em escala local.
Acontece que os atobás-marrons parecem coletar seletivamente fragmentos de colorações específicas – provavelmente porque os machos têm o comportamento de presentear a fêmea durante o ritual de cópula. Portanto, o monitoramento continuado é fundamental para compreender a eficácia de examinar a frequência de lixo nos ninhos como indicador do nível de poluição no oceano.
O projeto de monitoramento no litoral do Rio de Janeiro tem sido financiado com recursos de alunos da graduação e pós-graduação, em virtude da grave crise financeira que assombra a ciência no país.
Fonte: http://www.cienciahoje.org.br/noticia/v/ler/id/4878/n/o_atoba-marrom_como_bioindicador

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