Por definição, todas as serpentes, lagartos, aracnídeos e muitos
insetos são venenosos. Para efeitos práticos, porém, a classificação só
vale para aqueles que possam trazer danos para a nossa saúde, ou até a
morte. Algumas destas espécies, apesar da aparência, com formas e cores
sedutoras, podem ocultar os animais mais venenosos do mundo.
Um mosquito, por exemplo, ao picar nossa pele, injeta uma toxina que é
responsável tanto pela sedação local, quanto pela inflamação que surge
em poucas horas e desaparece sem tratamento em alguns dias. No entanto,
os mosquitos só são perigosos quando se tornam vetores de doenças, como a
febre amarela e a dengue.
Voltando ao assunto “venenos letais”. A seguir, relacionamos animais
com os quais é melhor não ter contato, a não ser através da segurança de
um zoológico. Alguns encontros, no entanto, tornam-se inevitáveis.
O sapo do mar
O baiacu, também chamado de peixe-balão ou fugo, é a
definição de diversas espécies de peixes da ordem dos tetraodontiformes
que apresentam a capacidade de inflar o corpo, comuns nos rios do
centro e norte da América do Sul. Algumas espécies habitam todos os
mares tropicais.

Um baiacu com o corpo inflado.
A explicação para a estratégia é simples: para os possíveis
predadores, o baiacu se mostra muito maior do que realmente é e isto
pode afastar algumas ameaças. Mas não é o inchaço que torna este peixe
perigoso. Ele possui uma glândula de veneno, também para afastar os
caçadores dos rios e oceanos.
O baiacu é empregado na gastronomia, especialmente na cozinha
japonesa, onde a sua carne é utilizada nos tradicionais sashimi.
Cozinheiros do País do Sol Nascente sempre têm muita experiência em
retirar a glândula, que provoca alergias que quase sempre levam a um
infarto do miocárdio ou a uma parada cardiorrespiratória.
A pequena notável
A “Phyllobates terribilis”, conhecida como
dardo venenoso dourado,
é o vertebrado mais venenoso do mundo, proporcionalmente ao seu peso e
tamanho. Ela é nativa da Colômbia. Quando adulta, ela atinge até cinco
centímetros de comprimento, sem contar as pernas.
De coloração esverdeada, branca, amarela ou alaranjada sólida (sem
listras ou pintas, como a maioria de seus parentes), os filhotes da
“terribilis” apresentam cores mais pálidas.

Esta pequena rã é proporcionalmente o vertebrado mais venenoso do mundo.
Já foram identificadas mais de cem toxinas nesta rã, que é criada em
terrários do mundo inteiro, onde podem viver até cinco anos. O animal
não consegue injetar o veneno, mas é um sinal para que pássaros e outros
predadores mantenham distância. Indígenas brasileiros desenvolveram
técnicas para extrair o veneno (através do aquecimento), que é utilizado
para embeber as pontas dos dardos e flechas.
O principal agente tóxico é a homobatracotoxina, que provoca falência
múltipla dos órgãos em poucas horas depois da exposição. O mesmo
veneno, em menor concentração, é encontrado nas penas do pitohui, uma
ave venenosa que vive na Nova Guiné.
Escolhida pelo Guiness
O Livro Guiness de Recordes escolheu a
aranha armadeira
(diversos aracnídeos do gênero “Phoneutria”), nativa do Brasil, a
aranha mais venenosa do mundo, devido à potência do veneno, que tem ação
neurotóxica (com apenas seis microgramas, é possível matar um rato). O
corpo do animal atinge cinco centímetros e as pernas estendidas de uma
fêmea, até 17 centímetros.

A armadeira, a aranha mais perigosa do planeta.
No país, é a segunda aranha que mais provoca acidentes, perdendo
apenas para a aranha marrom. Estes indivíduos são extremamente
agressivos, motivo por que não é permitida a criação da armadeira em
cativeiro.
No habitat natural, estas aranhas vivem em tocas e, com o crescimento
desordenado das cidades, passaram a escolher sapatos, bolsas, caixas e
outros objetos como esconderijo. Uma curiosidade: além da dor, a picada
da armadeira provoca priapismo, uma ereção peniana dolorosa que dura
horas e pode causar impotência sexual.
Membro da nobreza
A cobra-real (“Ophiophagus hannah”), originária da
Ásia continental, é a mais longa serpente entre as peçonhentas, podendo
ultrapassar os seis metros de comprimento. Se a picada da armadeira
pareceu impressionante, a da cobra-real faz cair o queixo: uma picada do
réptil mata um elefante adultos em poucas horas. O veneno não é tão
virulento como o das najas (parentes próximas), mas esta espécie tem
capacidade de inocular uma quantidade bem maior (até sete mililitros),
fato que torna o acidente potencialmente muito mais letal.

A cobra-real: veneno para matar até um elefante.
“Ophiophagus” significa “comedora de serpentes”, mas a cobra-real
também se alimenta de lagartos, pequenos mamíferos e ovos em geral. Este
ofídio locomove-se sem problemas no solo, nos rios e na copa das
árvores.
Apesar da fama, no entanto, a cobra-real, assim como a maioria das
serpentes, é tímida e evita contato com grandes animais (o homem,
inclusive). As fêmeas se tornam mais agressivas durante a vigilância dos
ovos – elas são mães bastante zelosas, construindo ninhos com folhas e
gravetos, reunidos com a cauda.
Todos os indivíduos deste gênero, no entanto, quando são acossados,
sempre partem para o ataque. As cobras-reais conseguem levantar até um
terço do corpo e seguem se movimentando na direção do agressor. Ao mesmo
tempo, eles abrem os capelos (abas do pescoço) e começam a emitir um
som semelhante ao rosnar de um cachorro.
Em formato de caixa
A Austrália é a casa de diversos animais perigosos e venenosos. É o
“berço” do crocodilo de água salgada, do polvo de anéis azuis, do
peixe-escorpião e de oito das dez serpentes mais peçonhentas do planeta.
Uma espécie, no entanto, que parece inofensiva, é responsável por pelo
menos cem mortes a cada ano (mais do que os acidentes com grandes
répteis e tubarões). Trata-se de uma espécie de água-viva ou medusa, a
caixa-australiana.

A caixa-australiana, portadora do veneno mais letal da fauna terrestre.
O animal coloniza o litoral norte e nordeste da Austrália e também
pode ser encontrado na Grande Barreira de Corais, que se estende por
dois mil quilômetros. As toxinas da caixa-australiana são muito fortes e
podem ser inoculadas a metros de distância do banhista, já que o corpo
das águas-vivas é composto por grandes e vigorosos tentáculos, apesar da
aparência frágil.
Muitos banhistas se afogam, dependendo da extensão do “ataque”.
Outros conseguem atingir a praia, com marcas pelo corpo semelhantes a
chicotadas. Em caso de parada cardiorrespiratória, é necessário
procedimentos de urgência, como respiração boca-a-boca e massagem
cardíaca.
O socorro médico precisa ser imediato para que as vítimas tenham
alguma chance de sobrevivência. Existe um antídoto para o veneno, mas o
medicamento não se mostra eficaz em 100% dos casos.
Fonte: https://www.blogadao.com/os-animais-mais-venenosos-do-mundo/